segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Sayonará Gangsters: Um exemplo da louca literatura japonesa contemporânea.


Sayonará Gangsters de Genichiro Takahashi é uma história despretensiosa. Nas primeiras palavras começamos a ser conduzidos por um obra que não sabemos onde nos levará. A narrativa inventiva e criativa, vai nos conduzindo com sua naturalidade ao absurdo, como se vivêssemos dentro dos sonhos de alguém. Podemos dizer que o livro não possui diversos méritos, entretanto é impossível mesmo para a mente perspicaz do mais exímios enxadrista da atualidade considerar os movimentos da história previsíveis.


O título Sayonará Gangsters é o nome do personagem principal. Quem deu a ele esse nome foi sua namorada Song Book de Miyuki Nakajima. Eles vivem em uma época em que as pessoas não recebem mais nomes colocados pelos pais quando nascem, e elas também já não se autonomeiam mais como antes. Agora são os amantes dão nomes uns aos outros.


Song Book durante muito tempo viveu com um gângster. Agora ela não quer mais ser um gângster. Sayonará Gangster é professor numa escola de poesia. Ele escreve poesia, para ele "escrever poesia é algo patológico". Ele tem alunos de todos os tipos vindos do universo inteiros. Entre eles estão a senhora com o MONSTRO DE GILA, gêmeos quíntuplos indistinguíveis, uma colegial (cujo pai, a mãe, e os avós são psicanalistas) que recebe estranhas ligações de um homem (que não passam de ilusões criadas pelo seu desejo sexual), um astrônomo, um refrigerador que é a reencarnação do poeta Virgílio, a coisa Incompreensível, um jupteriano (com novas definições de tempo, morte e gênero), um espião da CIA, infiltrado na KGB que namora uma espiã da KGB infiltrada na CIA.


Todos tem em comum a vontade de serem poetas. Mas a poesia não é uma ciência exata e as lições que se deve aprender para exercer esta arte são personalizadas e cada aluno precisa ouvir algo diferente. Cabe ao professor problematizar o processo muito mais do que apresentar soluções. Só que as aulas se concentra na segunda parte do livro. Esqueci de mencionar algo importante. Um vampiro mora na sala ao lado. Mas quem tem medo de vampiros?

A primeira parte nos apresenta o personagem principal e seu envolvimento com a nova namorada. Eles tem um gato, Henrique IV. O gato do casal tem muita personalidade e gosta de ler o jornal todas as manhã.


O casal tem uma filha, após a gravidez relâmpago de Song Book que durou um dia. O bebê pula para fora da barriga e em poucas horas já está falando. O nome dela é Caraway para ele e Mindinho Verde para ela. Após um período divertido em que o casal passa junto com a nova menininha, eles recebem uma carta da prefeitura, pela manhã, avisando que naquela mesma noite, a criança iria morrer. É assim que as coisas funcionam nessa realidade e com a menina morta Sayonará Gangster parte para o cemitério que lembra mais uma loja de departamentos onde são depositados os corpos.

Na terceira e última parte os antigos compassas de Song Book retornam para buscá-la e durante muitas páginas vemos correr um rio de sangue até o catastrófico e revelador final.


No final do livro Henrique IV muda e que muito um ler um livro de contos de Thomas Mann.

A história parece completamente despretensiosa, a primeira vista, mas convida o leitor a aceitar como natural os maiores absurdos.

Os capítulos são curtíssimos, alguns com uma linha, ou com uma frase. A leitura é o mais fácil possível. E os estranhamentos desaparecem a medida em que nos sentimos confortáveis num ambiente nos todas as contradições são permitidas e onde as barreiras da lógica foram rompidas. Uma boa leitura para que quiser tirar férias de literatura convencional e se deleitar com um livro original e em alguns momentos com ideias muito delicadas.

As três melhores frases do livro para mim são:

“Todos aqueles que durante longo tempo experimenta dificuldades na vida acaba se tornando malévolo.”

“Quando começarem a fazer celas de tamanhos diferentes, não conseguiremos mais distinguir prisioneiros de guardas.”

“É enfadonho ter um único nome.”

Seguindo os passos de Machado de Assis


Machado de Assis é um dos meus atuais objetos de estudo. Acabo de ler a Biografia Machado de Assis: um gênio brasileiro do jornalista Daniel Piza. Achei-a excelente. Gostei do ritmo ágil e moderno com que o livro foi escrito, e apreciei a clareza com que os fatos são apresentados. Muitas vezes, o que ocorre nas biografias é que elas abandonam o personagem retratado – depois de uma breve contextualização da época ao qual ele está inserido – solto no tempo. Neste caso, Piza faz uma introdução satisfatória sobre as mudanças de cada época e apresenta a forma com que elas influenciaram na escrita de Machado, principalmente em relação as crônicas que foi o gênero literário em que o autor certamente foi mais prolífico.

O texto não chega a ser tão específico sobre a intimidade de Machado a ponto de nos dizer as cores das cuecas que ele usava ou o que ele comia no café da manhã, até porque ele era uma pessoa reservada (mas estas são ordinariedades que a ninguém mais interessam, apenas a um pesquisador obcecadamente detalhista como eu). Tais miudezas, talvez seja inacessíveis se tratando de Machado, um pessoa que sempre manteve sua privacidade resguardada. Dessa leitura, além de Machado como grande cronista, o que emerge para mim é o sofrimento do autor por causa dos problemas de saúde; os ataques epiléticos constantes, as dores no estômago por causa dos remédios fortes e as inflamações na visão, forma problemas que o impediam de trabalhar por grandes períodos. Mesmo assim ele sempre manteve uma produção vasta, publicando em média um livro a cada dois ano, entre romances, contos, poesias, peças de teatro e traduções (sem falar nas crônicas semanais publicadas em jornais).

Machado era um abolicionista, mas monarquista. Ele era um cético. Não tinha o otimismo ingênuo de crer que a mudança das pessoas no comando alteraria a índole dos políticos. Machado considerava o país imaturo e sem uma tradição para virar uma democracia. Mesmo tratando de temas relevantes para a política nacional em suas crônicas, Machado parece abster-se de um posicionamento mais rígido entre um lado e outro de algumas questões. Não faz uma campanha para as melhores condições dos escravos libertos, não escreveu uma linha sobre a Revolta da Armada e na Guerra do Paraguai adota uma postura nacionalista e ufanista. Machado não ignorava alguns dos graves problemas nacionais, mas preferia comentar como se estivesse observando tudo de fora, ou fingindo que o problema não existia. Nesse sentido Ângelo Agostini da Revista Ilustrada era muito mais combativo e engajado no debate sobre a luta por transformações políticas e sociais. Acho que por ser um funcionário público, ele evitava fazer inimizades ou críticas severas que angariassem prejuízos para sua vida pessoal. Se ter consciência de um problema grave e ignorá-lo propositalmente para não se incomodar é um pecado, podemos eleger a omissão com um dos defeitos machadianos. Não uma falha enquanto autor, ou literato, mas uma falha enquanto humano que compactua com atrocidades sem levantar sua voz de maneira firme e incisiva contra elas.

Por causa dos problemas de saúde, por covardia, ou para fazer um tributo ao filósofo Sócrates, Machado jamais afastou-se do Rio de Janeiro. Assim como o sábio grego nunca deixou Atenas, e até preferiu a morte ao invés de abandonar sua cidade, o ilustre morador do Cosme Velho, salvo raras exceções, quase nunca se afastou da capital do Império. Ele passou temporadas em Friburgo, Petrópolis e Barbacena, em geral para se recuperar dos problemas de saúde. Todos destinos como um raio de distância inferior a 300 Km de distância. Esta falta de visão do mundo exterior através dos próprios olhos, davam-lhe certo provincianismo existencial, mas não intelectual. Pois ele lia os jornais franceses, traduzia os melhores literatos do francês e do inglês, estudava grego, enfim, era um homem da cultura. Viajava através do pensamento para o passado distante e vivia as aventuras de seu tempo através da vida dos personagens da literatura universal.


Talvez, meus leitores pensem que estou sendo muito severo em minhas observações, mas estou mais interessado na psicologia do homem, do que na manutenção do mito, ou na revelação da identidade do autor, por isso dou-me a liberdade de fazer algumas suposições extravagantes.

Uma das viagens de Machado teve um significado particular, quando partiu em 1880 para Nova Friburgo, ele sentia-se quase morto quando. Ele já não mais percebia-se parte do mundo dos vivos. Foi assim, de tal estado psiquico, que nasceu a grande virada na sua obra e surgiu Brás Cubas. No mesmo período de intenso sofrimento, foi também redigido O Alienista, um dos seus contos mais celebres. Machado prova sua genialidade ao supera um período de grave dificuldade física do qual emergiu, após intenso sofrimento, com duas sensacionais obras de arte. Peças da literatura nacional que continua a ser lidas, referidas e estudadas como marcas na mudança dos rumos das letras no país.

Na primeira, o autor personagem Brás Cubas vai traçando o próprio perfil, e Machado nos apresenta um homem que pode falar sem papas na língua por ter a liberdade que só a morte permite. Na segunda, uma verdadeiro estudo sobre a loucura e uma crítica a ciência dogmática são expostos através da exposição dos experimentos do alienista Simão Bacamarte.

Não perderei meu tempo como comentários longos sobre esta duas obras muito bem conhecidas, nem tampouco falarei da ironia de machadiana, um lugar tão comum na análise literária que parece já não haver mais nada ser dito sobre este ponto. Também não perguntarei mais uma vez a eterna dúvida: “Capitu traiu, ou não traiu Bentinho?”. Menterei-me na superficialidade nos comentários desavergonados. Apenas destaco que a biografia não me esclareceu a origem do apelido Bruxo do Cosme Velho, que pelo que saiba foi uma atribuição póstuma que partiu de Carlos Drummond de Andrade, por razões que ainda me inquietam.


A presente biografia também não menciona em nenhum momento as especulações sensacionalistas que recentemente foram defendidas por um pesquisador, segundo a qual, Mário de Alencar, filho de José de Alencar, seria na verdade filho de uma relação extraconjugal de Machado de Assis com a esposa de Alencar. Em consequência de tal hipótese, o autor de tais suposições afirma que o romance Dom Casmurro teria traços biográficos relacionados ao adultério cometido por Machado de Assis.


Se o tal apelido tem alguma magia escondida, ou se as fofocas das más línguas de outrora tem eco no presente, isto no quadro geral, pouco acrescenta ao monumento que Machado representa na literatura nacional.


REFERÊNCIA

PIZA, Daniel. Machado de Assis: um gênio brasileiro. Ed. 2º. São Paulo: Imprensa Oficial SP, 2006. Número de páginas: 416

Para maiores informações, leia o texto do jornalista Daniel Piza, autor da supracitada biografia, onde ele deleuzianamente faz a desconstrução de alguns mitos machadianos.

http://blogs.estadao.com.br/daniel-piza/mitos-machadianos/

domingo, 27 de novembro de 2011

Neverwhere de Neil Gaiman: uma fantasia urbana.


Neverwhere de Neil Gaiman: uma fantasia urbana

Tornei-me admirador da obra de Gaiman após ler algumas edições de Sandman. Esta semana terminei de ler o seu livro Neverwhere. Nele, todo um universo, com seus personagens, intrigas, perigos e existe em uma Londres alternativa abaixo da superfície. Em Londres Subterrânea (London Below), moradores de rua e outros habitantes tem uma sociedade completamente a parte do mundo da superfície, sem que sejam percebidos pelas pessoas de cima. Os ratos são os mensageiros desse mundo, eles caminham pelos túneis imundos dos esgotos levando e trazendo mensagens para as pessoas que conseguem se comunicar com eles.

Os cenários descritos são fascinantes e amedrontadores. Um dos lugares mais interessantes para se visitar em London Below é o Mercado Flutuante (Floatig Market). Uma espécie de feira itinerante que todo semana muda de endereço. Podendo aparecer nos lugares mais inusitados como em Westminster Abbey, em Harrods, a loja de departamento mais cara e famosa de Londres (equivalente a Das Lú no Brasil.) ou no navio de guerra Belfast no meio do rio Thames. Dentro do mercado, há um pacto entre os grupos, portanto crimes não podem ser cometidos lá dentro, mas as pontes que levam até lá são os lugares mais perigosos que existem. As descrições dos subterrâneos são atmosféricas, as riquezas de detalhes que compõe o mercado flutuante fazem com que nós sentíamos gostos e cheiros inusitados à medida que a leitura progride.

Uma das curiosidades dessa obra é a maneira como Gaiman cria uma personalidade para estações de trem e outros lugares. Nomes dados a mais de duzentos anos já perderam o significado, e resgatando essa história perdida ele transforma uma estação em uma personalidade e explora dessa foram a psique de um parte da cidade. Islington, Old Bailey, Black Friars, Earl’s Court, entre outros ganham vida. Uma estação que tem um nome curioso, mas que só é citada no livro sem ter relevância é a Castelo e Elefante (Elephant & Castle). Mas acho que uma boa historio poderia se passar lá só para explicar como um elefante foi parar em castelo no sul de Londres.

(imagem dos personagens Door, Hunter e Richard na serie de TV)

Na história nos acompanhamos a jornada de Richard Mayhew and Lady Door. Richard é um escocês vivendo em Londres. Ele é realmente uma pessoa ordinária, tem uma vida mundana, um emprego monótono e uma namorada chata e irritante, que o faz passar horas andando por todos os museus da cidade. Enfim uma cara normal. A vida de Richard muda de rumo quando em uma noite ele encontra Door machucada e caída na rua. Ao ajudá-la Richard é tragado de maneira inescapável para um mundo diferente. Ela, como seu nome deixa claro, é um portal para a Londres Below. O novo mundo ao qual Richard passa a fazer parte é perigoso, sujo e assustador, com assassinos imortais, anjos malignos, criaturas geladas que sugam o calor de sua vida com um beijo, monges medievais, uma corte de uma rei decadente e uma besta que se esconde na neblina.

Primeiro todos que ele conhecia se esquecem da sua existência. Da noite para o dia ele perde o emprego, outras pessoas passam a morar na sua casa, a namorada termina o relacionamento, e nenhuma pessoa parece perceber a existência de Richard em Lodon Above. Ele procura Door para entender o que aconteceu com sua vida e quer ajuda para obtê-la de volta.

Durante a jornada outros personagens juntam-se ao grupo e eles passam a investigar quem está tentando matar toda a família de Door. Hunter é a guerreira do grupo, ela foi contratada como a guarda-costas de Door, Marquês de Carabas com seu sorriso sedutor cuida da parte diplomática, ele sempre sabe aonde ir, com quem falar e como negociar. Richard é o cara perdido que seguimos dentro desse mundo misterioso e fantástico, a medida em que ele vai entendendo como as coisa funcionam no underground nós também vamos.

Durante todo o tempo eles são perseguidos pelos perigosos assassinos Mr. Croup and Mr.Vandermar (que lembra uma outra dupla de criminosos muito eloquentes de Sin City de Frank Miller). No começo, a história é narrada de uma maneira divertida, pelo lado patético do personagem principal, como Richard sendo xingado e ignorado por todos. Mas a media que a narrativa progride podemos sentir o drama que seria desaparecer para a sociedade, não ser um ninguém e passamos pela sensação da perda de identidade social. Isso obriga o personagem a criar uma nova identidade, pois ele naquele novo mundo ainda não é nada e no mundo antigo ele deixou de ser o que era até aquele momento.

Richard não abraça bem a idea de ser alguém novo e luta o tempo todo para recuperar a identidade perdida ao invés de construir uma nova. O final do livro depois do clímax e dos tradicionais reviravoltas no roteiro caminha para seu derradeiro e previsível final.

A leitura é fácil e recomendo a todos que queira uma pouco de fantasia gótica em suas vidas.

(Imgens da adaptação para os quadrinhos)

SPOILER. Após finalmente conseguir voltar para casa Richard sente que não pertence mais aquela vida e almeja voltar para London Below, mas não sabe como fazer isso. Dentre as coisa que para mim ficaram sem explicação está a morte e ressurreição de Marques de Carabas. Ele sobreviveu a uma decapitação. Obviamente ele é uma criatura mágica, mas de qual tipo não compreendi. A traição de Hunter me surpreendeu, pois pensei que Carabas era o traidor. No final Hunter morre e Richard torna-se o guerreiro do grupo após matar a besta usando a faca que pertencia a Hunter. E o romance entre ele e Door não acontece, mas o clima entre os dois permanece por toda a trajetória. Mesmo no final quando ela insiste para que eles fiquem juntos Richard decide partir.

http://en.wikipedia.org/wiki/Neverwhere_(novel)

http://en.wikipedia.org/wiki/Neverwhere

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Public Letter to Mr. Harry Potter


Dear Mr. Harry Potter,

I have being watching all your movements, since you were eleven years old. I followed you all of your youngest life, until recently.

I watched the bad way the Dudley’s treated you, but I couldn’t help in any way possible, than I did the only thing I could, I kept watching. I was there when you went to Diagon Alley and I followed you to Gringottes Bank. After I went with you to the book shop, the wand shop, the pet shop and all the other fantastic places.

I went to London train station, on the platform nine and three quarters and took the Hogwarts Express with you. Getting to the school, I became impressed with the architecture of the place, frightened with the ghosts and amazed with the stairs, and how they move all the time.

I went with you to your lessons, and learned some useful spells. I was there when you flew the first time. I played quidditch with you, hunted the golden snitch, and won the first game. The first year came to the end, and I knew, a great danger was coming, and Voldemort, would come back soon.

In the second year, I found the secret chamber with you. In the third year, I met your godfather Sirius, and two years later, we saw he died. I walked with you in the middle of the night in the Forbidden Forest, I followed you under your invisibility cloak through the darks corridors of the school. And after many things that happened I still was there.

In the next year, I played the Triwizard Tournament with you, and in the end I touched the cup and went to the graveyard with you. There we saw your friend be killed, and the return of the dark lord. Together we fought and escaped.

The next year was the worst of your life, everybody thought you are mad and they thought you killed your friend, but I believed in you, and I stayed by your side all the time. I practiced some spells in the room of requirement and took part in Dumbledore’s Army. I hate what Umbridge, the dark art defense teacher of that year did with you, and the back of my hand still is scratching when I think about it.

I was there when you started to hunt the horcruxes, and stayed there after all of them are destroyed. I celebrated when Voldemort was finally killed, and then I knew you would finally live in peace.

But since the end of your last book I haven’t heard anything about you. I would like to invite you to come to my house and have a cup of tea. The roof of the building is flat, this means you can come flying with your broom stick, no problem, or you can apparate if you like, because we haven’t any spell against this magic here, unfortunately, we haven’t got a fireplace, this means, this is the only way of travelling you can’t use to visit us. And bring Ginny too, of course.

If you can’t come soon, please send some news about what you have being doing recently. I heard about your wedding, your kids, and a new job, and I would like to know more about all of them.

Regards to Ron, Hermione, Luna and Neville.

Best wishes,

Mr. Coruja and Ms. Fi Roy.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A soberania dos povos indígenas o PAC – (Programa de aceleração da crise)


Os princípios filosóficos do direito natural

Francisco de Vitória é considerado o fundador do direito internacional por se manifestar em seus escritos contra as atrocidades das guerras e os massacres colonialistas que estavam ocorrendo na América e em suas obras principais De Justitia, e De Indis et iure belli (1539). Ele foi o primeiro teórico anticolonialista a estabelecer o princípio da soberania e independência dos estados. Vitória, seguindo as ideias aristotélicas e tomista, diz que todas as coisas possuem uma essência que independe da vontade e essa essência é imutável e universal. Ele realiza uma defesa dos direitos naturais, pois existe uma natureza humana e existe uma lei natural do homem. A lei natural determina os direitos inatos do homem para manter a sua sobrevivência. Estes direitos vão dês de o direito à vida e de conservá-la e defendê-la seja buscando alimentos para sua sobrevivência, seja defendendo-se de agressões injustas, à perfeição do próprio ser na sua dupla dimensão corporal e espiritual, direito de propriedade, de domínio e potestade do homem sobre os seres inferiores. Sendo o homem é um ser social por natureza a finalidade da sociabilidade é o bem comum. A finalidade do bem comum dirige e condiciona o exercício da potestade civil. O homem particular se dirige pela inteligência pessoal e a sociedade se comanda pela razão coletiva em razão do bem comum.

Um dos seguidores das ideias de Francisco Vitória foi Francisco de Suarez, também conhecido como Doutor Exímio, defende a idéia de que os homens no principio eram sozinhos sem nenhum deles tendo poder sobre os demais, se uniram e formaram um copo político que foi investido de poder por Deus. Os particulares juntos têm mais poderes do que o rei só. Por este motivo a soberania não reside no rei, mas no povo inteiro, que a traspassou para ele, e por isso mesmo pode retirá-la de novo, caso o rei governe de modo tirânico. Os homens formam um império humano, acima de todas as fronteiras. Esta idéia constitui a base do direito de gentes. Os preceitos do direito de gentes são preceitos que a razão extrai dos princípios da lei natural


O “Direito de gentes” e sua contribuição para a defesa dos índios da América

Os índios eram vistos como animais sem almas podendo desta forma ser mortos e dominados indiscriminadamente. O direito de gentes vai contra isso estabelecendo que todos os índios são seres humanos como os seus conquistadores, dessa forma mesmo sendo pagãos eles tem alma e seus direitos devem ser respeitados assim como os dos outros homens. Suarez defende amplamente os direitos da pessoa. As guerras coloniais só podem ser lícitas se não servem à exploração, mas à elevação da humanidade. Todos os homens nascem livres por natureza. Então o direito de gentes busca reconhecer a autonomia de todos os seres humanos, propondo que ajam acordos somente onde ocorra o benefício mútuo. Tendo sido as idéias dos dois filósofos acima extremamente importantes para suscita o debate sobre os direitos humanos. O direito de gentes distingue-se do direito natural, porque ele não se funda na necessidade teórica, mas na livre convenção; e do direito civil porque não regula a conduta do cidadão dentro do Estado, mas a relação dos Estados entre si.



O conceito de soberania


De acordo com Jean Bodin, Soberania refere-se à entidade que não conhece superior na ordem externa nem igual na ordem interna. Entende-se por soberania a qualidade máxima de poder social através da qual as normas e decisões elaboradas pelo Estado prevalecem sobre as normas e decisões emanadas de grupos sociais intermediários, tais com: a família; a escola; a empresa, a igreja, etc. Neste sentido, no âmbito interno, a soberania estatal traduz a superioridade de suas diretrizes na organização da vida comunitária.

Relaciona-se a poder, autoridade suprema, independência (geralmente do Estado). É o direito exclusivo de uma autoridade suprema sobre uma área geográfica, grupo de pessoas, ou o self de um indivíduo. A soberania sobre uma nação é geralmente atributo de um governo ou de outra agência de controle política; apesar de que existem casos em que esta soberania é atribuída a um indivíduo. A soberania se manifesta, principalmente, através da constituição de um sistema de normas jurídicas capaz de estabelecer as pautas fundamentais do comportamento humano. No âmbito externo, a soberania traduz, por sua vez, a ideia de igualdade de todos os Estados na comunidade internacional.

O conceito "soberania" é teorizado pelo francês Jean Bodin (1530-1596) no seu livro intitulado Os Seis Livros da República, no qual sustentava a seguinte tese de que todo o poder do Estado pertence ao Rei e não pode ser partilhado com mais ninguém (clero, nobreza ou povo). Jean-Jacques Rousseau transfere o conceito de soberania da pessoa do governante para todo o povo ou sociedade de cidadãos. A soberania é inalienável e indivisível e deve ser exercida pela vontade geral (soberania popular).

A partir do século XIX foi elaborado um conceito jurídico de soberania, segundo o qual esta não pertence a nenhuma autoridade particular, mas ao Estado enquanto pessoa jurídica. A noção jurídica de soberania orienta as relações entre Estados e enfatiza a necessidade de legitimação do poder político pela lei.



A construção da Usina de Belo Monte


A construção da Usina de Belo Monte fere a soberania dos povos indígenas. A usurpação dos direitos dos povos indígenas vem se constituindo como uma prática recorrente desde o início da colonização.

Se houvesse um gerenciamento adequado da energia que é desperdiçada seria aproveitada. Não estamos caminhando de acordo com um projeto de desenvolvimento sustentável. A fronteira da floresta vem sendo empurrada e essa é a ultima trincheira de defesa da Amazônia. O progresso proposto pelo modelo de desenvolvimento expansionista e predatório favorece aceleração não do crescimento, mas da destruição.

sábado, 9 de abril de 2011

LORD VOLDEMORT E O MASSACRE EM REALENGO

Lord Voldemort é um nome que não deve ser pronunciado no mundo nos bruxos. Chamado de aquele-que-não-deve-ser-nomeado, o vilão da série Harry Potter (cujo final eu ainda não li), é assim chamado, pois todos crêem que quando seu nome é dito o vilão se fortalece, ou se aproxima. Essa semana um rapaz cometeu um atentado absurdo. O que ele fez é imperdoável e injustificável, mas compreensível se olharmos a realidade com o olhar distorcido que esse assassino olhava.
Quando eu freqüentava a escola e sofria bullying delirava e fantasiava a morte de todos os meus agressores para aliviar o sofrimento. Esse rapaz do massacre em Realengo, que não deveria ser nomeado, provavelmente viveu o mesmo. A diferença é que ele veio de um lar mais desestruturado do que aquele de onde saí, é claro que isso por si só não explica nenhum dos seus atos. O que quero dizer é que naquela época, antes mesmo do massacre de Columbine acontecer, e da banda larga que facilitou o acesso a informação, eu me perguntava: “Será que sou o único a sofrer esse tipo de violência?” Como as outras pessoas que passam pelas mesmas situações aguentam isso e não pegam uma arma e saem matam todas as pessoas que odeiam?”. A resposta veio com o tempo e logo esse tipo de crime passou a ser comum principalmente nos EUA. Enquanto que direcionei a minha vida e fiz do meu trabalho tentar compreender o incompreensível esse rapaz, que não deve ser nomeado, decidiu permanecer um incompreendido. Mas o que mais o movia era o desejo de construir uma identidade social. Essa identidade lhe foi negada no período escolar. Seja porque ele se excluía ou era o excluído e adotou esse rótulo.
Na sociedade midiática onde todos tentam aparecer de alguma forma a destruição de algo precioso como a vida de crianças inocente transforma um Zé-Ninguém em celebridade da tarde para a noite. Ele se mata e deixa um rastro de destruição para deixar de ser anônimo. Ele não queria só morrer queria aparecer. Seu ato repercutiu e ele se tornou uma pessoa pública seu nome é publicado em todos os jornais, sua vida é investigada em seus mínimos detalhes, quem o ignorava passa a falar sobre ele. Ele cria uma história. Ele vira história. De um nada passa ele passa a ser o autor do maior massacre em uma escola brasileira. A mídia fala seu nome e o liga a outros assassinos do mesmo tipo que surgiram em países mais desenvolvidos e o maior talento do assassino não foi a pontaria certeira e os disparos preciso que acertaram cerca de trinta tiros na cabeça e no tórax de meninas e meninos. Seu maior mérito não foi matar doze. Seu maior mérito foi se transformar em uma pessoa famosa, ele queria isso, esse é seu plano maligno. E quanto mais notícias são publicadas sobre ele, quanto mais escrevem e pensam sobre ele. Mais seus delírios megalomaníacos e grandiloquentes se realizam. Quando finalmente fizerem um filme sobre ele, o sucesso do seu plano terá sido completo ao criar uma identidade e passar a ser reconhecido. Por isso defendo em repúdio aos seus atos que ele nunca mais seja nomeado. Se a construção de uma identidade era o que ele queria. Isso não pode ser dado a ele, pois é como conceder-lhe um prêmio de bons serviços prestados. A impressa naturalmente ama esse tipo de maluco. Eles têm um trabalho fácil. Muita gente chorado para mostrar na TV e centenas de testemunhas com uma história triste para contar. Todos em casa ficam com medo e passam mais tempo dentro de casa. Isso aumenta o consumo e acaba sendo bom para a economia e o autor do massacre em Realengo se transforma no mais novo vilão das cônicas policiais nacionais. E falar tanto dele não gera só medo na população normal. Gera também inveja em todos os esquizitões, desprezados, humilhados e mal amados que sonham em um dia ser algo. Já que é melhor ser qualquer coisa do que não ser nada. É melhor o desprezo que a indiferença.
Num mundo de tantas câmeras não ser registrado, fotografado ou comentado é o pior dos castigos. Bem, um dia, um desses esquizitões, vítimas de bullying, vai querer ser lembrado também e como todo mundo conhece o nome deste que não deveria ser nomeado. A obra do doidão será finalizada quando ele se tornar o exemplo a ser seguido por aqueles que se identificam com ele, e isso irá gerara um sucessor e assim, surgirá um filho do seu ódio, e mais uma vez a história se repete com a ajuda da mídia, que o deixou mais famoso do que deveria. Crianças choram e morrem. E mais uma vez todos irão se perguntam por que ele fez isso? A resposta é essa: ele fez isso porque queria ser alguém. Por isso negar sua identidade deveria ser o seu castigo. As vítimas devem ser lembradas, mas a história do assassino não deveria ser escrita. Caso contrário, outros irão imitá-lo competindo nesse jogo sádico de assassinos de quem mata mais e assim subir no ranking nacional.

domingo, 13 de março de 2011

SUSHI DE FEIJÃO


SUSHI DE FEIJÃO


Meu amigo José, um dia durante um trago, me veio com a ideia. Eu estava tentando convencê-lo a experimentar sushi. Ele disse que não gostava nem da ideia de comer peixe cru. Ai de brincadeira falou “não dá para fazer um sushi de feijão, por exemplo?” No começo eu achei que a ideia era uma loucura, mas depois eu pensei melhor e disse que era possível. Aí ele começou a falar como ficaria bom com uma linguicinha no meio no lugar do peixe. Fizemos uma aposta eu disse que prepararia o sushi de feijão se ele depois comesse o sushi de verdade. Isso fazem algumas semanas. Ontem a noite fiz a experiência e não é que ficou bom. O proto também poderia ser chamado de “rocambole de feijoada” o nome surgiu antes do prato então segue abaixo a receita dessa fusão da estática da culinária oriental com os sabores da culinária brasileira.

INGREDIENTES:

- ½ Kg de feijão vermelho.
- uma cebola média
- meia cabeça de alho.
- duas pimentas dedo de dama
- 8 linguiças calabresas fininha
- 400g de bacon
- 3 ovos cozidos
- um molho de couve bem fresca
- sal e molho de pimenta a gosto
- farofa para acompanhar
- palito de dente


PREPARÇÃO

Pique a cebola o alho e a pimenta. Cozinhe o feijão e acrescente o alho a cebola e a pimenta. Quando o feijão estiver no ponto tire todo o caldo e reserve em um pote separado. Esmague o feijão com um garfo até virar uma pasta acrescente sal e molho de pimenta a pasta até ficar do seu agrado. Regue com um pouco da água do feijão até adquirir a consistência necessária.

RECHEIO
Cozinhe os ovos em água fervente e depois tire a casca e pique. Frite o bacon em cubos bem pequenos. Não é necessário acrescentar óleo a própria gordura do bacon irá derreter e fritará a carne. Retire o bacon e deixe a gordura na frigideira para fritar as linguiças calabresas. Deixe as linguiças calabresas e o bacon separado para rechear.
Lave bem a couve deixe secar.

O PRATO
Para enrolar use a folha de couve como a alga do sushi e deite a folha em uma esteira de bambu para enrolar. Coloque uma camada fina com a pasta de feijão sobre metade da folha escolha o recheio que pode ser linguiça, banco, ovo cozido ou todos eles juntos e enrole a folha com um sushi normal. O segredo está no final. Como a couve não tem a mesma liga e não gruda com a alga. É necessário usar o palito de dente para prender a folha no final. Depois é só cortar na espessura de cerca de um dedo e servir. Para acompanhara você pode usar farofa, molho de pimenta, e até raiz forte, whasabi. Shoyu também pode ser usado, mas lembre que o feijão já está temperado nesse caso, não use tanto sal no início caso contrário ficará muito salgado no final. E se quiser servir o feijão quente apensas coloque os rolinho já cortados no micro ondas por trinta segundos. Mas a pimenta pode dar a sensação de calor que você precisa.
Isso pode parecer uma loucura, mas disseram a mesma coisa ao barão de Sandwich quando ele inventou o sanduíche.
Aí está. Em breve voltaremos com o Churrasco de Carne de Soja não perca!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Polícia entra em confronto com manifestantes durante greve geral na Grécia



Foto:Angelos Tzortzinis / AFP

Os protestos no mundo todo seguem violentos desta vez apesar do Líbia estar em grande mobilização a imagem mais impressionante do dia vem da Grécia.
Veja o video com o policial sendo atingido em: BBC Brasil

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Protestos no Egito: um novo meme

Lendo sobre os protestos no Egito encontrei esse artigo interessante de Paul Mason em seu blog “Idle Scrawl” (Garranchos Preguiçosos) no site de BBC e resolvi traduzi-lo e publicá-lo aqui. Destaco a importância da definição do conceito de meme. Segue abaixo o resultado. O local original da publicação encontra-se no final do texto.

“Vinte razões porque é dado o pontapé inicial em todos os lugares

Paul Mason | 19:07 UK time, Saturday, 5 February 2011

Nós estamos tendo revoluções na Tunísia, o Egito de Mubarak está à beira de uma; em Iêmen, Jordânia e Síria repentinamente protestos tem aparecido. Na Irlanda jovens profissionais tecnologicamente esclarecidos estão agitando para uma “Segunda República”, na França os jovens de subúrbios lutam contra policiais nas ruas para defender o direito de aposentadoria aos 60 anos de idade, na Grécia protestar, arrumar confusão e bagunçar transformar-se no passatempo nacional. E na Grã-Bretanha nós temos tido tumultos e invasões de estudantes que mudam a maneira da policia agir.

O que está acontecendo? O que está contra a dinâmica social?

Alguns pontos importantes.

1. No coração de tudo está um novo tipo sociológico: o graduado sem futuro.

2. ...com acesso a mídias sociais, como Facebook, Twitter e Yfog, por exemplo, então eles podem expressar eles mesmos em variadas situações que vão desde a democracia parlamentar à tirania.

3. Portanto, a verdade se move mais rápido do que as mentiras e a propaganda se torna inflamável.

4. Eles não são propensos a ideologias tradicionais e endêmicas: trabalhismo, o islamismo, ou catolicismo (Fianna Fail), etc... de fato ideologias hermético de todas as formas, são rejeitadas.

5. As mulheres muito numerosas são a espinha dorsal dos movimentos. Depois de vinte anos de modernizados mercados de trabalho e acesso ao ensino superior, o líder do protesto “arquetípico”, facilitador, organizador, porta-voz agora é uma jovem educada.

6. Horizontalismo tem se tornado endêmico, porque a tecnologia torna mais fácil: mata hierarquias verticais espontaneamente, enquanto que antes – e a experiência por excelência do século 20 - foi o assassinato de dissidentes dentro dos movimentos, a canalização dos movimentos sociais e suas burocratizações.

7. Memes: “Um meme age como uma unidade para carregar ideias culturais, símbolos ou práticas, que podem se transmitidas de uma mente para outra através de escritos, falas, gestos, rituais ou outros fenômenos imitáveis. Apoiadores do conceito consideram memes como o análogo cultural aos genes, em que ele se auto-reproduz, modifica e responde a pressão seletiva.” (Wikipedia) – então o que acontece é que ideias surgem, são muito rapidamente “testadas no mercado” e ou decolam, fervilham, insinuam-se, ou se elas não são consideradas boas elas desaparecem. Ideias que se auto-duplicam como gene. Antes da internet essa teoria (ver Richard Dawkins, 1976) parecia um exagero, mas agora você pode claramente traçar a evolução dos memes.

8. Eles todos parecem conhecer uns aos outros: não apenas a rede é mais poderosa que a hierarquia – mas a rede para um determinado fim (ad-hoc) se tornou mais fácil a se formar. Então se você “segue” alguém que trabalha na UCL (University College London) no Twitter, como eu fiz, você pode facilmente encontrar um blogueiro radical do Egito, ou um professor em sua residência pacífica na Califórnia, que na maioria do tempo faz trabalhos na Birmânia, para que então existam os tweets birmaneses para seguir. Durante o início do século 20 as pessoas andavam pendurados na parte inferior das carruagens dos comboios para ir além das fronteiras apenas para fazer ligações como essas.

9. As especificidades do fracasso econômico: o aumento do acesso em massa à educação de nível universitário é um dado. Talvez em breve até 50% no ensino superior não será suficiente. Na maior parte do mundo isso está sendo financiado com dívida pessoal - então as pessoas estão fazendo um julgamento racional para entrar em dívida para eles serem bem pagos mais tarde. No entanto, a perspectiva de dez anos de contenção orçamental em alguns países significa que eles agora sabem que vão ser mais pobres que os seus pais. E o efeito foi como desligar o interruptor de luz; a história de prosperidade é substituída pela história do fracasso, mesmo se para indivíduos a realidade seja mais complexa, e não tão ruim quanto eles esperam.

10. Essa evaporação de uma promessa é agravada nas sociedades mais repressivas e nos mercados emergentes, porque - mesmo quando você começa um rápido crescimento econômico - não pode absorver o crescimento demográfico dos jovens rápido o suficiente para proporcionar a elevação dos padrões de vida de um número suficiente deles.

11. Para amplificar: não consigo encontrar as citações, mas um dos historiadores da Revolução Francesa de 1789 escreveu que não era o produto de pessoas pobres, mas dos advogados pobres. Você pode ter estruturas político/econômicas que decepcionam os pobres por gerações -, mas se os advogados, professores e médicos estão sentados em seus sótãos congelados e faminto você começa uma revolução. Agora, em seus sótãos, eles têm um laptop e uma conexão de banda larga.

12. A fraqueza do trabalho organizado significa que há uma mudança na relação entre a classe média radicalizada, os pobres e os trabalhadores organizados. O mundo parece mais com Paris do século 19 - predomínio pesados da intelectualidade "progressista", entremeando com os moradores de favelas em inúmeras interfaces sociais (cabarés na séc. XIX, raves agora); o medo social enorme da pobreza excludente, mas também muitas histórias de riquezas celebradas na mídia (Fifty Cent etc), enquanto que a cultura solidária e respeitabilidade do trabalho organizado ainda está lá, mas, como no Egito, eles encontram-se com um "exército no palco" para marcharem dentro e fora da cena da história.

13. Isto leva a uma perda de medo entre os jovens radicais de qualquer movimento: eles podem escolher, não há confronto que eles não possam retirar-se. Eles podem "ter um dia de folga" do protesto, ocupando: enquanto que com o velho movimento baseado na classe trabalhadora, seu lugar nas fileiras de batalha era determinado e eles não poderiam recuar depois da coisa começar. Você não poderia "ter um dia de folga" de greve dos mineiros se você morasse em uma vila mineradora.

14. Além de um dia de folga, você pode "misturar e combinar": Eu conheci pessoas que fazem um dia de organização da comunidade, e os próximos estão em uma flotilha de Gaza, depois começam a trabalhar para uma reflexão sobre a energia sustentável, em seguida, está escrevendo um livro sobre algo completamente diferente. Fiquei surpreso ao encontrar pessoas que eu havia entrevistado dentro da ocupação UCL blogando da Praça Tahrir esta semana.

15. As pessoas apenas sabem mais do que acostumavam saber. Ditaduras não contam apenas com a supressão de notícias, mas suprimem os relatos e a verdade. Mais ou menos tudo o que você precisa saber para entender o mundo está disponível gratuitamente para download na internet: e não é pré-digerida para você, por seus professores, pais, padres, sacerdotes. Por exemplo, há um grande número de dados disponíveis para mim agora sobre os assuntos que estudei na universidade que não eram conhecidos quando eu estava lá na década de 1980. Então semestres acadêmicos inteiros seriam gastos disputando fatos básicos, ou tentando pesquisá-los. Agora isso ainda é verdade, mas o plano de raciocínio pode ser mais complexo porque as pessoas têm uma fonte de referência imediata para as instalações incontestáveis de argumentos. É como se a física fosse substituída pela física quântica, mas em cada disciplina.

16. Não existe Guerra Fria e à Guerra contra o Terror não é tão eficaz quanto a Guerra Fria foi na solidificação das elites contra a mudança. O Egito está provando ser um exemplo real disso: embora seja altamente provável que as coisas fujam do controle, pós-Mubarak - como em todas as revoluções raciais - as terríveis advertências da direita dos EUA dizendo que isso levará ao islamismo é um “meme” que não decolou. Na verdade, você poderia fazer um estudo interessante de como começa o meme, floresce e desaparece no espaço de 12 dias. Para ser claro: não estou dizendo que eles estão errados - apenas que o medo de uma tomada de poder islâmico no Egito não foi forte o suficiente para balançar a presidência dos EUA ou da mídia por trás de Mubarak.

17. É possível - com as pressões internacionais e algumas ONGs poderosas - derrubar um governo repressor, sem ter de passar anos na selva como um guerrilheiro, ou anos, no subsolo urbano: ao invés da juventude da oposição - tanto no Ocidente em regimes repressivos como Tunísia / Egito, e sobretudo na China - ao vivo em um matagal virtual online através de redes digitais e aparelhos de comunicação. A internet não é a chave aqui – são, por exemplo, as coisas que pessoas trocam por mensagem de texto, a música que eles trocam entre eles etc: os significados ocultos em grafites, arte de rua etc, que os detentores da autoridade não identificam e não conseguem entender.

18. As pessoas têm uma melhor compreensão do poder. Os ativistas leram seus Chomsky e seus Hardt e Negri, mas as idéias deles se tornaram miméticas: os jovens acreditam que os problemas já não são de classe e economia, mas simplesmente o poder: eles são inteligentes e peritos em saber como fazer confusão com as hierarquias e ver as várias “revoluções” em suas próprias vidas como parte de um “êxodo” da opressão, e não - como as gerações anteriores fizeram - como um “desvio para o pessoal”. Enquanto Foucault poderia dizer Gilles Deleuze: "Tivemos que esperar até o século XIX antes de começarmos a compreender a natureza da exploração, e até hoje, ainda temos de compreender totalmente a natureza do poder", - que está provavelmente alterada.

19. Como a soma algébrica de todos estes fatores parece que o protesto "meme" que está varrendo o mundo - se é que a premissa é bem verdade - é profundamente menos radical na economia do que aquele que varreu o mundo na década de 1910 e 1920, eles não procurar uma total reviravolta: eles buscam uma moderação dos excessos. No entanto, em política, o tema comum é a dissolução do poder centralizado e na procura de “autonomia” e liberdade pessoal para além da democracia formal e um fim à corrupção, de base familiar de poder das elites.

20. A tecnologia - de muitas formas, desde a pílula anticoncepcional para o Ipod, o blog e a câmera CCTV - expandiu o espaço e poder do indivíduo.

Algumas complicações....

a) tudo acima são generalizações: e devem ser lidas como tal.

b) estes métodos são replicáveis pelos seus opositores? É evidente que até um certo ponto eles são. Portanto, a suposição do movimento global progressiva que seus valores estão alinhados com a do mundo conectado pode estar errado. Além disso, ainda temos que ver o que acontece a todas as redes sociais se este estado sempre com seriedade puxa o cabo ligado a tecnologia: desligando a rede móvel, censores de Internet, os ciber-ataques dos manifestantes.

c) A China é o laboratório aqui, onde a polícia de internet é paga para ir online e fomentar a favor do governo “memes” para combater os oposicionistas. O blogueiro egípcio esquerdista Arabawy.org diz em seu site que: “em uma ditadura, o jornalismo independente por padrão se torna uma forma de ativismo e a propagação de informações é essencialmente um ato de agitação.” Mas o jornalismo independente é reprimido em muitas partes do mundo. (Inclusive aqui no Brasil)

d) O que acontece com este novo zeitgeist fofo global quando se vai contra a ditadura de estilo antigo hierárquica em um jogo de morte, sendo que esta última tem cerca de 300 tanques de guerra Abrams? Podemos estar prestes a descobrir.

e) - e isto é preocupante para a política dominante: estamos criando uma completa desconexão entre os valores e a linguagem do estado e dos jovens educados? O Egito é um exemplo clássico - se você ouvir os funcionários NDP (Egypt's National Democratic Part) há um aspecto em tempo desfigurado para a sua língua comparado ao de jovens médicos e advogados sobre a Praça. Mas também há exemplos no Reino Unido: grande parte do discurso político - em ambos os lados da Câmara dos Comuns - é tratado por muitos jovens como um "barulho" mal inteligível - e isto vai além dos manifestantes.

(Por exemplo: Eu estou achando comum entre os não-políticos, esses dias, que sempre que você menciona a “Grande Sociedade” não há um encolher de ombros e uma reprimida risada - mas se você se mover no labirinto de grupos de pesquisa em torno de Westminster, é tratada mortalmente a sério. Insultar a Grande Sociedade rapidamente se tornou um "meme", que atravessa as fronteiras políticas tribais sob a coalizão, mas a maioria dos políticos profissionais estão surdos para "memes", como os jovens são para o conteúdo de Hansard (Diário Oficial do Parlamento Britânico)).

É isso aí - como eu digo, estes são apenas os meus pensamentos sobre tudo e não pesquisei outros que através da experiência: há teses de doutorado, provavelmente inteiras sobre algumas delas então sintam-se a vontade para postar comentários.

Da mesma forma, se você acha que é tudo bobagem, e se tiver mais de 40 você pode, desabafa sua melancolia da era analógica abaixo.”

Até a hora em que publiquei o artigo aqui no blog a matéria original já possuía mais de 170 comentários. Não cheguei a ler todos. Você pode lê-los se quiser no link abaixo.

Este artigo foi publicado em: <http://www.bbc.co.uk/blogs/newsnight/paulmason/2011/02/twenty_reasons_why_its_kicking.html>

Acesso em: 08 de Fevereiro 2011

Tradução: Luiz Felipe H. Piccoli

A estrada de Cormac McCarthy

Depois de um período afastado estou de volta. Passei quase um mês longe de Porto Alegre viajando pelo sul: Argentina e Chile, mas agora a Coruja está de volta ao seu covil, cheia de histórias para contar e idéias para compartilhar com seus leitores inexistentes.

A primeira coisa que gostaria de compartilhar são minhas impressões sobre o livro que li durante a volta de Buenos Aires, A estrada de Cormac McCarthy. Não assisti o filme e acho que vou continuar assim para preservar as imagens que criei. (Se não quiser saber o final da história interrompa a leitura deste texto)

Na história um pai e um filho, andam sozinhos em mundo pós-apocalíptico por uma estrada deserta tentando sobreviver. Em um mundo em ruínas os dois lutam desesperadamente para tentar sobreviver. Sempre seguindo em frente. Eles levam o fogo. Eles são os caras do bem. O menino e o homem, duas criaturas arrasadas que só tem um ao outro. A estrada é uma sequência interminável de dor, sofrimento, morte e desolação. O céu é cinza, todas as árvores estão em chamas ou foram queimadas e praticamente não há mais nenhuma forma de vida exceto algumas pobre almas que vagam perdidas na imensidão desolada. As descrições precisas e detalhadas criam uma atmosfera envolvente e extremamente realista.

A estrada mantém um tom sério do início ao fim e nos faz temer o frio, a fome e a sede e principalmente as outras pessoas que vagam imundas em busca de comida. Como em Thomas Hobbes, o homem voltou ao estado de natureza e sem nenhuma forma de governo ou sociedade estabelecida, o homem voltou a ser o lobo do homem (Homo homini lupus). Em nenhum momento se explica o que causou a devastação do mundo ou o que levou a sua destruição. É como se todos nós já soubéssemos. Não ocorreu nada de especial, apenas continuamos a viver como vivemos agora, extinguindo todos os recursos do planeta, até a sua exaustão quando qualqer forma de vida torne-se insustentável. Os alertadores do fogo são ignorados porque vêem as cinzas onde outros ainda nem viram o fogo. Nosso modo de vida nos levará a extinção e no fim o último dos homens não saberá se ele é realmente o último ou se ainda restará, mais alguém sobre a face da terra.

Os personagens na história não têm nomes e eles terminam caminhando pela mesma estrada deserta por onde começaram, sem sabermos de onde vinham ou para onde vão (pelo menos um deles). Mas em um mundo onde tudo desmorona nomes deixaram de ser importantes. As pessoa não se preocupam em guardar memórias ou em escrever sua própria história apenas lutam para continuar mais um dia vivas e dar outro passo e continuam em frente na estrada sem fim, até o fim de seus dias.

A Coruja na Estrada

A estrada para mim é pessoalmente uma grande metáfora para o caminho que seguimos na própria vida, e que eu uso o tempo todo em meu pensamento. Voltando de uma longa viagem como vim agora, sinto como gosto de estar em movimento indo sem saber onde vou parar e acho que amo os livros porque para mim eles são como uma estrada também só que feita de pensamentos alheios, que vamos seguindo até os momentos onde começamos a nos perder por entre nossos próprios caminhos.

Durante minha viagem a estrada tomou meu diário e ganhei algumas coisas e perdi outros. Devemos lembrar que a estrada sempre cobra seu preço e que o que ela tomo a ela pertence. Essa é a lei que os viajantes devem sempre ter em mente: nunca coloque na sua bagagem algo que você não está preparado para perder. É justamente seu bem mais precioso que a estrada quer e é isto que ela lhe tomará.