sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Frase da semana # 11

"Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar." - Chico Science

sábado, 28 de abril de 2012

O FILÓSOFO E A MONTANHA.


O Rio de Janeiro é cheio de eventos. Eles ocorrem o ano todo e são os mais diversos possíveis. Esta semana, estou participando como voluntário da 1º Semana Brasileira de Montanhismo e tem sido uma experiência enriquecedora. Não sou nenhum montanhista experiente, muito menos um grande escalador, mas já tive algumas aventuras. Não cabe aqui citar todas elas.
Talvez, a título de curiosidade, a primeira delas seja interessante mencionar. Minha mãe conta que quando eu tinha cerca de dois anos de idade ela estava no trabalho e recebeu uma ligação da irmã, que tomava conta de mim dizendo que fosse para casa o mais breve possível. Quando ela chegou, eu estava no topo de um armário muito alto, com quase três metros de altura. Minha tia não podia me tirar de lá, pois ela é deficiente física e usa cadeira de rodas. Aquele foi o momento crucial em que minha mãe decidiu largar o trabalho e ir morar no interior, onde considerava mais seguro para criar o filho. Na época, nós moravámos no 11º andar em um apartamento pequeno na rua Demétio Ribeiro em Porto Alegre, o mesmo apartamento em que eu voltaria a morar anos depois.
Considero que a aventura descrita acima foi minha primeira escalada. A medida que o tempo foi passando, essas aventuras foram ficando maiores e sonhos que pareciam impossíveis começam a ficar mais próximos da realidade. No momento, ainda não tenho nenhum equipamento para a prática do esporte, mas tenho muita vontade de aprender cada vez mais sobre essa modalidade. E é a isso que venho me dedicado esta semana.
Antes de conhecer minha esposa Fiona, escalar me pareceia algo intangível. Ela se dedicou arduamente ao esporte, durante muitos anos, até sofrer um grave acidente que a afastou. Com ela, recebi minhas primeiras lições teóricas e ouvindo suas histórias fui contaminado pelo desejo de viver essas experiências. Foi ela que me deu incentivo para ir primeiro para um muro de escalada e depois para a pedra. Após esse empurrãozinho inicial, venho dando meus primeiros passos independentes para tentar progredir no esporte.
No inicio deste mês, Fiona, eu e o famoso alpinista Nigel Vardy passamos um final de semana fazendo escalaminhadas pelo Parque Nacional de Itatiaia. Tive a oportunidade de subir no Pico das Agulhas Negras, mas não cheguei a atingir o cume. Meus parceiros estavam se sentindo mal e após pegar uma série de chaminés muito escorregadias pela frente, sem ninguém para me dar segurança achei melhor voltar. A coisa mais importante na escalada é continuar vivo. Em segundo lugar não sofrer acidentes.
Para se aventurar é preciso aprender a ter responsabilidade sobre os tipos de riscos que corremos e se queremos assumi-los, ou não. Sempre tendo em mente que estamos colocando em risco, potencialmente a vida de outras pessoas também. Mesmo estando temporariamente afastado do sistema formal de ensino: as salas de aula e a Academia, permaneço matriculado, em tempo integral, na escola da vida e a busca incessante pelo conhecimento continua.
O objetivo de subir uma montanha está, então, muito ligado a uma joranda solitária e introspectiva de auto-conhecimento. Como filósofo, conhecer a mim mesmo é o objetivo máximo da minha existência, para consequentemente conhecer o mundo ao meu redor e enteragir com ele de maneira mais harmoniosa. Não sendo, obviamente nem um pouco original nesse propósito, apenas assumindo as orientações do filósofo Sócrates que, por sua vez, tomou esta máxima de uma inscrição no oráculo de Delfos dedicado ao deus Apolo.
Durante o evento desta semana tive a oportunidade de assistir a apresentação de escaladores fantásticos como: Jim Domini, Sérgio Tartari, Alexandre Portela, Colin Haley, entre outros, que relataram algumas de suas conquistas. Para mim, as coisas que esse caras já fizeram estão a anos-luz de distância das minhas modestas ambições como escaldor. Minha maior ambição pessoal é subir o Aconcágua, pois considero uma montanha emblemática na América Latina (mas não decidi ainda qual das faces). Quando estarei preparado material/físico e financeiramente para realizar este sonho, ainda não sei. Mas, com as lições que venho tomando, acho que em no máximo cinco anos essa ambição se tornará viável. Enquanto esse tempo não chega, vou ficar mandando algumas das vias nas enconstas aqui da cidade e seguir apendendo com os melhores.   

domingo, 4 de março de 2012

Relaxa e Chora




Ler o jornal quando não é revoltante, muitas vezes, acaba sendo deprimente. A política brasileira parece que estagnou definitivamente. Enquanto o PT ainda consegue criar um nome novo aqui e ali, no meio da avalanche de escândalos ministeriais do governo Dilma, no PSDB parece que não existe partido sem o Serra. Mais uma vez o clone do Mr. Burns vai concorrer a prefeitura de São Paulo.

Para quem não lembra ele foi eleito nas eleições de 2004 e apenas 15 meses depois deixou o cargo para concorrer a governador. Agora ele vai tentar mais uma vez se eleger. Mesmo eleito, se alguém acredita que ele cumprirá o mandato até o final está enganado, pois ele já demonstrou que a prefeitura é só um trampolim eleitoral para se manter na mídia.
A falta de novos nomes com soluções originais para os grandes problemas das grandes cidades demonstra a esterilidade intelectual da política brasileira e a estrutura feudal dos partidos políticos que se concentram em uma só figura "carismática". Acho essa candidatura um tino no pé. Serra estará trabalhando pra consolidar o lulismo que se propagou no poder. Pelo menos dessa vez o PT teve um pouco de bom senso e não vai botar a ministra Relaxa e Goza na disputa e escolheu o Ministro do Enem Fracassado.


É esperar para ver. Façam suas apostas. No fim quem sai perdendo como sempre é o eleitor, que convencido de que voto é igual a democracia será obrigado a escolher entre o dois candidatos ruins. Mas tenham uma certeza, vermelhos ou azuis no poder a cidade mais populosa e rica do país continuará um caos, pois a estrutura dos partidos está condenada a falta de ideias e todos optam pela manutenção do feijão com arroz para garantir o status quo. Falto coragem para ousar.

Enquanto isso, os ciclista seguem sendo atropelados e morrendo na Av. Paulista e ainda por cima são acusados pela revista de Veja de serem agressivos quando se juntam.(1) Enquanto que os veículos automotores continuam a ser agressivos individualmente pela sua própria natureza todos os dias. Mas um dos maiores veículos impressos do país precisa defender o automóvel já que a receita paga por eles constitui metade da receita da dita publicação. Ou seja, acusar os ciclistas indevidamente é um meio tendencioso deles assegurarem a própria existência e defender seus patrocinadores.



REFERÊNCIA
(1)http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/o-que-falta-para-ser-seguro-andar-de-bicicleta-em-sp

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

CARNAVAL: AFINAL, A MULTIDÃO SE JUNTA PARA QUÊ?


Já me disseram que meu método de pesquisa filosófico-antropológica acabaria me matando um dia. Enquanto esse dia não chega, eu continuo tentando entender por que as pessoas fazem o que elas fazem, pois, convenhamos, muita gente faz coisas incompreensíveis, porém antes de julgá-las o melhor a fazer é tentar entendê-las. E, se possível, fazer o que elas fazem para entendê-las intimamente.

Não quero dar um de "Freud da Humanidade" e colocar todos no divã, mas fazer algo só porque os outros fazem é ridículo. Temos que fazer algo que tenha um sentido para nós. Nem que o sentido seja criado a posteriore, mas então que pelo menos haja uma intenção.

Este ano resolvi pular Carnaval com a intensão de descobrir o que as pessoas comemoram, afinal sei muito bem no país em que vivo e tirando os recursos naturais o Brasil tem pouco a celebrar.

Após essa rápida introdução, passo agora para o relato da minha experiência durante o Carnaval carioca 2012. Comecemos pelo final, domingo 26/02/2012 (o resto no momento é irrelevante). Depois de sair do trabalho às 7h da manhã, passei em casa e fui para o centro da cidade, onde estava tocando um dos blocos mais populares o MONOBLOCO.

Inicialmente pensei que as pessoas gostassem de Carnaval pela questão sexual envolvida. As pessoas bebem, se vestem diferente, dançam, encontram um parceiro e transam. Basicamente um comportamento primitivo e animalesco da dança do acasalamento. Mas estando no meio da coisa toda, deu pra ver que há outros elemtos em jogo. Mesmo que a intenção orginal de todos (seja ela consciente ou não) envolvidos seja encontrar um parceiro sexual para a satisfação do desejo, muitos mascaram essa vontade alegando que sua única intenção é a diversão. Pois bem, a diversão a que se referem não é o prazer hedonista do álcool, nem o sexo “fácil”. Já que álcool em abundância pode ser ingerido em qualquer época do ano, nos mais variados locais.

Acho que o que faz as pessoa se reunirem, em primeiro lugar vem a vontade de fazer parte algo muito maior do que si mesmo. Um desejo de retorno ao estado primordial de anulação do seu eu. Literalmente querem se perder na multidão. É como ter uma identidade superior e abrangente, se assemelha a fazer parte de um país, ou time de futebol e ir ao estádio e depois, quando falam em brasileiros, flamenguistas, corinthianos, as pessoas sentem-se parte desse todo, que é na verdade um grande EU COLETIVO, formado por diversas singularidades anônimas.

Se viajar no metrô sentido Zona Norte do Rio de Janeiro me fez descobrir como é que uma pasta de dente se sente ao sair do tubo quando ele é comprimido, participar do MONOBLOCO me fez lembrar como era ser um espermatozoide 28 anos atrás. Obviamente eu não tive uma recordação genuina, mas as condições reproduzidas me fizeram sentir como se eu estivesse em uma reencenação do momento da concepção.

Seguir o MONOBLOCO foi uma mistura de sauna mista ao ar livre com drenagem linfática intensa. Um bando de indivíduos, meninos, meninas e o terceiro sexo, todos juntos comprimidos em um espaço apertado sendo empurrados como em uma onda incontrolável, suando sob um calor de 40 graus ao sol do meio-dia seguindo um carrinho de som tocando músicas na maior parte do tempo inaudíveis. Depois de uma hora tentando sobreviver enquanto desenvolvia alguns pensamentos eu desisti. E esse foi o tempo que levei para andar cerda de dois quarteirões apenas.

Me chamem de chato, mas eu não chamaria a experiência de diversão. A maior parte do tempo foi assustador. Se alguém caísse, certamente seria pisoteado, se houvesse briga seria espancado, se houvesse um ataque terrorista... enfim. Parece perigosa a ideia de botar tanta gente junta. Mesmo que a princípio todos ali envolvidos saibam previamente o que irá acontecer e tem a intenção de se divertir, o resultado nem sempre é condizente com o esperado. Podem achar que não me diverti porque estava sozinho, mas se estivesse com amigos ou namorada, não demoraria muito a perdê-los no meio do mar de gente. Eu não conheci ninguém legal, não beijei ninguém e mal consegui tomar uma cerveja sem me babar todo. Sem falar na chuva de cerveja que ocorria em pancadas esporádicas ao londo de todo o percurso. Eu mal ouvi as músicas que eles tocaram. Isso que eu cheguei bem perto do carro de som, o mais perto possível. Tudo isso a troco de que? De pular Carnaval no Rio. No meio de toda aquela gente, pular se transforma em é uma questão de sobrevivência.

Pareceria apenas insano, ou incompreensível que pessoas viagem quilometros de distância, façam reservas em hotéis, pousadas e albergues, durmam mal se alimente precariamente, gastem um monte de dinheiro, isso se não houvesse uma explicação.



A única conclusão que chego é que pessoas gostam de aglomerações. Seja em Tahrir Square durante a primavera árabe por questões políticas, seja nos jogos de futebol pelo amor ao esporte, seja durante os shows do Rock in Rio pela admiração a arte, seja lá onde for, as pessoas gostam de ficar se espremendo no meio de multidões por motivos distintos. Todos juntos suando e se roçando com uma finalidade em comum. Como o Brasil é um país feliz e sem problemas, as pessoas apenas se juntam para transpirar juntas. No Carnaval a multidão se junta para nada, se junta para se juntar. Se aqui fosse outro lugar, as pessoas continuariam a se juntar, mas por motivos diferentes.

Isso pode não ser nenhuma grande descoberta, mas o fato político mais marcante que isso demonstra é que as pessoas no Brasil só se reunem para fazer festa. Pois para juntar mil pessoas para protestar contra qualquer uma das muitas coisas erradas nesse país demanda um grande trabalho de persuasão. As pessoas acham perda de tempo lutar pelos seus direitos. Mas para se “divertir” todos sempre parecem ter tempo o suficiente para gastar.


Poderia me ater a falar das “maravilhas” Carnaval, mas este papel eu deixo reservado para a grande mídia, e poderia falar da alienação do Carnaval, mas este é o discurso dos esquerdistas intelectualódes.

Então fica aqui a minha singela contribuição, vamos continuar celebrando a cada Fevereiro e feriado como idiotas, pois está tudo bem. O país não tem problema algum é tudo festa. Vamos fazer do Brasil um país internacionalmente conhecido por sua alegria e tolerância. Pois aqui, para as coisas serem consideradas ruins elas têm que estar pior, muito pior do que deveria ser o tolerável.

A minha maior insatisfação com o Carnaval é essa: pra juntar meio milhão de pessoas sem motivo nenhum, é fácil, para juntar esse mesmo número de pessoas por alguma razão realmente importante é quase impossível. Se isso faz sentido para você me explique, pois pra mim não faz o menor sentido. E viva o Brasil: o país do nonsense! E ano que vem tem mais Carnaval. Só não esqueçam esse é um ano de eleições...