As
vezes as palavras somem, não sei para onde elas vão. Chega uma hora que elas
simplesmente desaparecem. A falta delas me angustia. As palavras somem e o
álcool surge. Depois de um gole ou outro elas as vezes voltam a toa, assim como
quem não quer nada. Encontro elas perdidas e levo-as para o papel. De repente
me pego pensando, por onde elas andavam?
*
Durante muito tempo vesti a máscara de
Joaquim Hunts, o protagonista do meu livro Memórias Sepultadas que em breve
será lançado. Fui fazendo dele as minhas palavras e passei a pensar mais com a
cabeça dele do que com a minha. No final parece que ele encontrou seu rumo e eu
encontrei o meu. Caminhamos que levam para lugares completamente diferentes.
Já havia lido que chega uma hora em
que os personagens ganham vida própria, mas nunca havia sentido isso antes. Não
adianta mandar, eles não nos obedecem. Nessas horas temos que ouvir mais o que
eles tem a nos dizer do que impor a eles o que deveriam falar. Chega um momento
na escrita em que eles já sabem o que fazer e nós apenas os acompanhamos,
deixando que sigam a sua busca. Os personagens vão deixando seus autores para
trás impotentes e sozinhos assim como ele estava antes de começar a contar
aquela história...
Essa é hora de começar a contar uma nova história.