domingo, 17 de outubro de 2010
REFLEXÕES PRIMAVERIS.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Pelo menos eu tento! E você que só reclama e nunca faz nada?
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
14 razões para você publicar seu trabalho na internet e não em um livro
- Preço - é barato. Você pode montar um blog de graça se você trabalha com textos curtos. Se você quer lançar um romance, mesmo um blog oferece alternativas de publicação. Para publicar um livro, você vai precisar desembolsar uma boa grana e o retorno qualitativo e de resultados tem uma boa possibilidade de ser decepcionante.
- Abrangência geográfica – depois de publicado, seu livro corre um enorme risco de ficar encalhado. A distribuição é cara e as livrarias não têm boa vontade com estreantes. Porém, a minha experiência com o Cracatoa foi excelente desde o tempo em que ele era um site. Hoje ele tem o formato de um blog. Mas tenho leitores em todos os continentes. E, acima de tudo, o que eu escrevo paga todos os custos. Coisa que a uma edição de autor de um livro não aconteceria. Eu ficaria no prejuízo e os volumes na garagem. E eu nem tenho garagem.
- Total controle sobre seu trabalho – Jorge Luis Borges dizia que um escritor publicava para se ver livre do inferno de reescrever infinitamente. Isso é bom. Mas também é um inferno saber que um grave problema de enredo que você deixou passar ficará eternizado. Na internet, nada mais fácil que reeditar.
- Pioneirismo - Muitos já perguntaram se blog é literatura. Bobagem. Quem faz essa pergunta confunde o suporte com a obra em si. Uma garrafa pode ter vinho ou refrigerante. O blog pode ter notícias ou literatura. Ele é um formato ainda a ser explorado. O formato influencia sobre o melhor jeito de atuar sobre ele e você pode ser um pioneiro em novas técnicas e formas de expressão.
- Contato direto com seu público – Ainda que você tenha 50 leitores apenas, meu amigo, são 50 leitores. Você poderá ter contato direto com eles. Se você não sabe o que é receber um email ou um comentário de agradecimento por ter escrito um texto que mudou a vida de uma pessoa – verdade ou mentira, exegero ou não -, deveria tentar experimentar essa sensação. Já com o livro, você pode proporcionar efeitos sobre os mesmos 50 leitores mas talvez nem fique sabendo.
- É barato para o seu leitor
– Depois de muito fuçar, seu potencial leitor encontrou seu livro em uma estante escondida nos fundos da livraria. Ele sopra as teias de aranha e abre as páginas há muito fechadas. Mesmo assim adorou o que encontrou e vai levar para casa. Mas ele terá que pagar. Porém, na internet, ele encontrou seu texto na comodidade do lar e de graça. - Ver o fruto de seu suado trabalho – Eu já disse que você terá total controle sobre sua obra. Mas terá que trabalhar. Terá que divulgá-la. E sem ser invasivo. Fazer seu nome aos poucos. Conhecer sites e blogs literários e até não-literários. Fazer comentários. É um trabalho lento e paciente. Mas se o que você escreve for bom, se você fizer direitinho e com boa vontade, sem desistir e com disciplina e persistência, colherá os resultados. Se, no entanto, você só quer saber de escrever e ficar esperando de boca aberta que alguém importante diga alguma coisa e que você seja descoberto como nos filmes, desista. Isso é romantismo. Seja realista: trabalhe e colha.
- Fazer uma experiência – Muito bem, você é inédito e talvez só tenha a opinião de sua mãe e de alguns amigos. Se depois de tudo isso você ainda quer se ler em livro, não acha que é uma boa idéia testar os seus escritos com pessoas menos comprometidas com você? Antes de investir os seus trocados em uma suada edição de autor, com uns mil exemplares, é uma boa estratégia.
- Não precisar apelar para Leis de Incentivo – Leis de Incentivo, da forma como elas são hoje, não são éticas. O custo de publicar na internet, como eu já disse, pode ser zero e você não vai precisar lesar o contribuinte ou se meter com algum tipo de máfia.
- Você não precisa de um jornalista para dizer que seu trabalho é bom
– Você publica, você divulga e a sua obra chega a seu leitor sem intermediários e sem precisar do aval de um caderno de cultura. Não importa quantos leitores sejam – cinco, quinhentos ou cinco mil – se você trabalhar com atenção, eles virão. - Não prestar contas a ninguém – É comum que a editora peça para escritores mexerem em seus textos. Às vezes é necessário cortar um capítulo inteiro. Esse é o trabalho do editor: com uma visão crítica, deixar tudo ainda melhor. Mas nem sempre esses cortes são feitos em nome da estética. Editoras podem ter critérios que vão dos legais aos financeiros e creio que esses não interessam a você. Publicando em um site próprio, você só precisará responder a suas próprias expectativas.
- Aprender coisas novas
– Grandes artistas, além de sua própria arte, conhecem ainda que superficialmente uma secundária. Se você quiser uma boa apresentação para o seu texto, vai acabar tendo que aprender um pouco sobre design para web e sobre programação. Nada drástico, mas isso entra no item “ter total domínio sobre seu trabalho”. Se preferir, poderá investir uma parcela do que gastaria com uma edição de autor pagando um designer. Pessoalmente, prefiro aprender sobre o assunto. - Fama
– Sim, eu sei. Você escreve para engrandecimento da sua arte sem nenhum interesse. Mas algum reconhecimento pessoal sempre é bom, ainda que pequeno. Todo mundo gosta. - Dinheiro – Não pense em ficar rico. Ainda. Mas você, hoje, tem a opção de colocar anúncios em seu site que, com um pouco de conhecimento, podem pagar a hospedagem ou, com um pouquinho mais de conhecimento, render o suficiente para pagar também uma modesta gandaia de fim de semana. Todo bom escritor merece.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
ENSINO DE FILOSOFIA COM O HOMEM-ARANHA
Katie Connolly
Durante anos, os fãs dos quadrinhos do Batman têm ficado intrigados com um mistério no coração da série: por que Batman não apenas mata seu arqui-inimigo, o Coringa?
Os dois se envolveram em um jogo prolongado de gato e rato. O Coringa comete um crime, Batman pega, o Coringa é preso e, em seguida invariavelmente escapa. Será que tudo isto não seria muito mais simples se Batman apenas matasse o Coringa? O que o impede?
É assim que o filósofo Immanuel Kant e a teoria deontológica de ética vêm sendo introduzidos no ensino. Pelo menos, é assim que a discussão avança em um crescente número de aulas de filosofia em os E.U.A..
Estudos culturais e de mídia abriram caminho para as universidades incorporar a cultura pop em seu currículo. Atualmente não é raro encontrar uma classe de estudos de televisão ao lado da literatura do século 17 nas listas de cursos de um departamento de Inglês.
Agora, professores de filosofia têm encontrado nos super-heróis e nas histórias em quadrinhos ferramentas extremamente úteis para ajudar os estudantes a pensar sobre os complexos debates éticos e morais que os filósofos têm se ocupado por séculos.
Além disso, os super-heróis estão atraindo os alunos a uma disciplina, muitas vezes associada a livros bolorentos, cotoveleiras de camurça e gravatas borboleta.
Tradição socrática
William Irwin, professor de filosofia no King's College, na Pensilvânia, edita a série Filosofia e Cultura Pop, que inclui títulos como Simpsons e a Filosofia, Batman e Filosofia, e X-Men e Filosofia (a maioria deles publicados aqui no Brasil pela editora Madras).
Ele diz que não há nada de anormal sobre o uso de referências populares para ilustrar as teorias complexas. “Isto é o que a filosofia tem tentado fazer desde o começo”, diz ele. “A filosofia começa com Sócrates nas ruas de Atenas, levando sua mensagem ao povo e falando na língua deles – com analogias agrícolas e usando a mitologia comum a todos”.
Através dos séculos, porém, os filósofos recuaram na academia, criando um vocabulário complicado que pode parecer inacessível ao estudante universitário médio do primeiro ano - os “deontológica” da ética por exemplo.
Christopher Bartel, um professor adjunto de filosofia na Universidade Estadual Appalachian, pede aos alunos para ler a graphic novel Watchmen, a fim de explorar questões sobre metafísica e epistemologia.
Em uma das aulas, ele usa o personagem do Dr. Manhattan, que afirma que tudo - incluindo a psicologia das pessoas - é determinada através de todas as leis da física de causalidade. Prof. Bartel usa isto para ensinar as teorias do determinismo e do livre arbítrio e as responsabilidades morais decorrentes dessas visões de mundo.
Prof. Bartel diz que seu curso - Filosofia, Literatura, Cinema e Comics - é uma “ferramenta de recrutamento fantástica”, e que seus alunos passam a especializar-se em filosofia mais que os alunos de qualquer dos seus outros cursos.
“Eu geralmente tenho alunos que lêem Platão, Aristóteles e Hume na introdução dos cursos de filosofia. Muitas vezes, acho interessante, mas fico com medo pela distância de quão difícil é ler o material,” o Prof. Bartel, disse à BBC.
“Quadrinhos podem fornecer ilustrações muito boas dessas idéias filosóficas sem assustá-los.”
Ele diz que sempre há alunos que acham que o curso vai ser apenas uma simples classe A, mas logo percebe que, apesar da diversão do material, o trabalho é muito sério.
Grande poder, grande responsabilidade?
Para Christopher Robichaud, que ensina ética e filosofia política em Harvard Kennedy School of Government e na Universidade Tufts, super-herói baseado em experiências de pensamento podem ajudar as pessoas a lidar com os dilemas éticos de uma forma sentimental.
O tio de Peter Parker Ben disse a ele que, com grande poder vem uma grande responsabilidade, um axioma que tematicamente se repete ao longo da série. Imagine, por exemplo, que você é Peter Parker (Spider-Man) e você acabou de descobrir que tem superpoderes. Você tem a obrigação moral de usar seus poderes recém-descobertos para ajudar os outros?
Em um ensaio publicado pelo o Prof. Robichaud ele usa essa pergunta para explorar consequencialismo, uma abordagem à moralidade que, como o nome sugere, os juízes da correção ou incorreção de uma ação baseada unicamente em seus resultados. Um consequencialista provávelmente argumentaria que Peter Parker tem uma responsabilidade moral de ser o Homem-Aranha, porque essa decisão traria o bem maior. Mas Peter Parker também era um talentoso cientista, portanto, um consequencialista não poderia argumentar que para cumprir a sua vocação científica poderia ser uma escolha igualmente válida para ele. Talvez continuar a ser o Homem-Aranha esteja acima e além da chamada do dever - a resposta é obscura.
A conversa não termina com os super-heróis, é claro. Prof. Robichaud incentiva os alunos a tomar a estrutura que eles aprenderam e aplicá-la a decisões em suas vidas pessoais e profissionais. Mas ele diz que é uma forma neutra de começar a falar sobre as questões éticas que as pessoas costumam achar provocadoras ou conflitantes.
“Ética é uma daquelas coisas difíceis de ensinar, porque para muita gente, as respostas são muito pessoais”, disse o Prof. Robichaud a BBC. “Se você fala sobre exemplos artificiais em primeiro lugar, então as pessoas permitem a si mesmas pensar um pouco mais e sentem-se seguras e esclarecidas sobre questões éticas."
O desafio
A incorporação de super-heróis em um currículo de filosofia não é isenta de críticas. Quando acadêmicos lutam para preencher lugares em suas aulas de poesia medieval, enquanto seus colegas estão levando os estudantes embora para os cursos embalados na retórica mítica dos super-heróis, os deboches em salas compartilhadas, são de se esperar.
O professor Mark White, da Universidade da Cidade de Nova York diz que ele tem certeza que o seu trabalho em Batman e filosofia “desperta algumas risadas em” corredores, mas ele tem o cuidado de salientar que ele não está ensinando a filosofia de histórias em quadrinhos, ele está usando histórias em quadrinhos para ensinar filosofia.
O Sr. Irwin concorda, e descreve uma distinção entre o seu trabalho e o dos teóricos culturais. “Os estudos culturais saindo fora do Reino Unido levam muito a sério a cultura popular como objeto de estudo," disse à BBC o senhor Irwin.
“Nós não estamos dizendo que o cânon dos livros em quadrinhos Superman é equivalente a Homero e Dante, e você pode estudá-las para seu próprio bem. Nós não estamos sugerindo que quadrinhos substituir Platão e Descartes – de maneira nenhuma. O objetivo é sempre receber as pessoas interessadas em filosofia, falando primeiro lugar em termos que as pessoas estão familiarizadas."
Prof. Robichaud tem pouca paciência para os críticos que dizem que este trabalho barateia o estudo da filosofia tradicional.
“O tipo de filosofia que eu faço - filosofia analítica - que utiliza o pensamento experiências o tempo todo”, diz ele. “Se os exemplos que estão chamando de ficção são exemplos da cultura popular, enquanto que no serviço de boa filosofia, quem se importa? Quem se importa se o exemplo é de Middlemarch ou Watchmen?”
Shaun Treat, que leciona na Universidade do Texas Norte, não é incomodado por críticos “intelectuais”. Para ele, a prova está em no retorno dos alunos.
Após anos de ensino tradicional de debates, como Hobbes versus Locke, ele diz, “é incrível o quanto os alunos estão mais interessados e engajados quando lhes colocar em capa e calças justas e tê-los slug it out”.
Tradução de Luiz Felipe H. Piccoli
Texto escrito por Katie Connolly. Ensino de filosofia com o Homem-Aranha. BBC News, Washington. Em 12 agosto de 2010 Atualizado às 06:24 GMT
Publicado em: http://www.bbc.co.uk.news/world-us-canada-10900068
quinta-feira, 29 de julho de 2010
HORÁCIO QUIROGA – DECÁLOGO DO PERFEITO CONTISTA
I – Crê num mestre – Poe, Maupassant, Kipling, Tchekhov – como na própria divindade.
II – Crê que sua própria arte é um cume inacessível. Não sonha dominá-la. Quando puder fazê-lo, conseguirás sem tu mesmo o saibas.
III – Resiste quanto possível à imitação, mas imita se o impulso for muito forte. Mais do que qualquer coisa, o desenvolvimento da personalidade exige uma longa paciência.
IV – Nutre uma fé cega não na ta capacidade para o triunfo, mas no ardor com que o desejas. Ama tua arte como amas tua amada, dando-lhe todo o coração.
V – Não começa a escrever sem saber, desde a primeira palavra, onde vais. Num conto bem-feito, as três primeiras linhas têm quase a mesma importância das três últimas.
VI – Se queres expressar com exatidão esta circunstância – “Desde o rio soprava um vento frio” –, não há na língua dos homens mais palavras do que estas para expressá-la. Uma vez senhor de tuas palavras, não te preocupa em avaliar se são consoantes ou dissonantes.
VII – Não adjetivas sem necessidade, pois serão inúteis as rendas coloridas que venhas a pendurar num substantivo débil. Se dizes o que é preciso, o substantivo sozinho, terá uma cor incomparável. Mas é preciso achá-lo.
VIII – Toma teus personagens pela mão e leva-os firmemente até o final, sem atenuar senão para o caminho que traçaste. Não te distraias vendo o que eles não podem ver ou o que não lhes importa. Não abusa do leitor. Um conto é uma novela depurada de excessos. Considera isso uma verdade absoluta, ainda que não o seja.
IX – Não escreve sob o império da emoção. Deixa-a morrer, depois a revive. Se és capaz de revivê-la tal como a viveste, chegaste na arte, à metade do caminho.
X – Ao escrever, não pensa em teus amigos nem na impressão que tua história causará. Conta como se teu relato não tivesse senão para o pequeno mundo de teus personagens e como se tu fosses um deles, pois somente assim obtém-se a vida num conto.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
As histórias daqueles que contam a História do Brasil
quarta-feira, 9 de junho de 2010
DELEUZE, O FILÓSOFO DA DIFERENÇA
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
A corrente da vida
Existem dois jeitos de continuar “vivo” após a morte. Um deles é através dos descendentes. Tendo filhos, passamos nossos genes e continuamos a existir sendo um dos elos que forma uma grande corrente. Geração após geração ela irá crescer e seremos sempre parte do passado.
O outro é através das obras. Do trabalho de uma vida. Nas artes, por exemplo, a competição entre os diferentes artistas estimula a produção local de obras. Os melhores exemplares são levados para competir com os melhores exemplares de outros lugares. E assim, nas competições artísticas, são eleitos os melhores do mundo. Quem vence uma disputa local ganha a oportunidade de enfrentar um desafio ainda maior. E se o tempo for generoso fica por mais de algumas gerações influenciando as mentes e afetando os corações humanos.